Das histórias que nos foram passadas, nessa tradição familiar de contá-las, orgulhamo-nos do fato de Nenê, já no início do século XX, promover regularmente rodas de leitura. Como dizemos, ela era avançada para o seu tempo. Viajava, mandava os filhos para a cidade grande (Niterói) estudar, comprava óculos, panelas, tecidos para as comadres, mas, sobretudo livros para os netos e para as comadres.
Consta que vovó fazia um emissário à cidade toda semana comprar jornal no trem de ferro, trem expresso, que trazia passageiros, encomendas, jornais... Cabia ao estafeta, funcionário do expresso, entregar as encomendas, vender jornais, anunciar as próximas cidades e paradas, cuidar dos passageiros, etc.
O emissário de Nenê ao retornar era anunciado pelo trote do seu cavalo e à tardinha após a labuta, ao trabalho no campo, homens, mulheres e crianças aproximavam-se da casa do patrão, sentavam-se em roda no terreiro da casa e Nenê lia as notícias.
Era interprete, era mediadora!
Consta que todo jornal era lido e que num determinado dia um dos participantes, convidado para a roda, aí tomou conhecimento da morte de sua mãe quando Nenê lia a seção de anúncios fúnebres. E bom que se esclareça que os compradores de café e mascates em geral, conforme uso na época, costumavam pousar nas casas dos proprietários rurais.
Temos muito que aprender com a nossa avó, aprender a partilhar e a assumir nossa responsabilidade social.
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