quinta-feira, 2 de setembro de 2010

AGRADOS DA ROÇA PARA A CIDADE E DA CIDADE PARA A ROÇA

A Estrada de Ferro Leopoldina era o meio usual de transportar pessoas, coisas e encomendas de Cambuci para Niterói. Foi através de uma dessas encomendas que um belo dia César recebeu um presente especial: uma leitoa viva!


- O que fazer?

- Como matar a leitoa?

Foi aí que Quininha teve a grande idéia: Colocou a bichinha numa bolsa de feira e saiu com Lena, Cida e Binho. Íamos, os três, em solidariedade e fazendo de conta que não era com a gente. Destino: um abatedouro que existia na praia das Flechas e que pertencia a um cunhado do noivo de Cida (Daud).

Essa história tinha que ser confusa, por isso o porco em plena praia de Icaraí pulou da bolsa. A praia cheia, todos correndo atrás do bicho, banhista e nós. A leitoa foi recuperada. Daud a matou e nós a comemos com pompa e circunstância!

É importante lembrar a delícia que era Icaraí: sua areia branca, água morna e limpa, seu trampolim (cartão postal da época), a mocidade bonita, feliz e glamorosa, mas que ainda usava maiô e bóia de pneu usado. (Era o retrato de uma época – meado do século XX)


Naquela época Joaquina morava na Alameda 24 de outubro, Santa Teresa e através da Alameda Carolina chegávamos ao Canto do Rio - praia de Icaraí e foi fazendo esse trajeto que corremos atrás da leitoa, nós e muitos outros, até a praia das Flechas. Era uma casa confortável, com um jardim gramado que César podava e que tínhamos de ajudar: varrer grama, carregar, jogar no lixo, tudo com cuidado e bem feito e desinfetado com a famosa creolina Cruzvaldina.Não podemos deixar de falar nos nossos pastores- Mengo e Menguissi- cachorros de estimação - que sujavam e nós limpávamos. Na conservação da casa atuava também Dario, outro agregado, que era o rei da goma laca - lustrador oficial que atendia ao padrão exigido
 Era um suplicio!  Eles obedeciam a moça bonita e a moça era Quininha , a amada de César.Tínhamos que fazer. Fazíamos. Gostaríamos de fazer de novo – todos nós!

Da cidade vinham os vestidos bonitos, as fantasias de carnaval que Joaquina fazia para as sobrinhas. Vinham na bagagem de vovó: maçãs, laranja Bahia, latas de biscoito coloridas cujo conteúdo era separado com papel branco corrugado e os biscoitos arrumados por feitio e sabor. Um luxo para a época. Porém o mais importante: cartilhas ilustradas que teimávamos em ler cágado quando a inscrição era jabuti. Também vinham livros de estórias, ilustrados, lindos e depois livros para moças, coleção cor de rosa, M. Dely (não sei se era essa a grafia – nunca foi boa nisso) Ensinou-nos a ler – VIVA VOVÓ! 

3 comentários:

  1. tia cida, adorei ler o blog e conhecer mais sobre a familia. bjs e parabens. Pilar

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  2. Tia Cida,
    vc ta um espetáculo na foto.
    Fiufiuuuuu!!!!!!
    Saudades
    Xará

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  3. Após o corte da grama onde catávamos todos os resíduos ,todo o quintal era lavado com CREOLINA CRUZVALDINA devido ao coco de MENGO e MENGUISSI,nossos pastores.
    2)Não esqueça de falar de DÁRIO,nosso lustrador oficial.(O Rei da Goma Laca)
    3)Não esqueça ainda de nossa banda de tampa de panelas ,regida por mim ,Kleber ,com o grande musico Zé de Fulô.
    4)Imperdoável não colocar a procissão de Nossa Senhora Aparecida que curou minha paralisia infantil . Da Capelinha até o Valão dos Gomes.
    5) Quininha ,cumprindo a promessa que fez a São José passando 1 ano sem comer doces e nós de implicância comendo goiabada em sua frente.

    Sem mais para o memento.
    Beijo
    Kleber.

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