terça-feira, 24 de agosto de 2010

OS MENINOS DE POMPEU

Jarbas foi o filho mais velho. Casou-se com Lívia Chaves, professora do ensino supletivo. Voltado ao comércio e a pecuária. Teve açougue.


A vida de tio Jarbas foi bonita, cheia de vitórias e de histórias. Foi dependente de álcool e por essa razão noivo durante 18 anos. Lívia, moça prendada e muito querida na família Bravo aguardava que ele vencesse o vício. Aconteceu que em 1947 surgiu na cidade mineira de Urucânia o Padre Antonio por intermédio do qual eram feitos milagres em nome de Nossa Senhora das Graças. Foi então que Jarbas foi em casa de sua irmã Maria José falar do milagreiro. Na época não havia TV. O rádio, os Jornais e revistas como O Cruzeiro davam ênfase a esses milagres. O sogro dela, participando da conversa sugeriu que Jarbas fosse a Urucânia em busca do milagre e parasse de beber.

Aconteceu, então, o primeiro milagre: Jarbas disse que só iria em companhia dele. Zezé não andava de carro, só ia onde a sua mula Vitória o levava. Desafio ou milagre... Não sei, mas Zezé ordenou:

-Jarbas, vá à cidade, alugue um caminhão, encha de doentes, aleijados, cegos e quem mais precise que irei comandar esta peregrinação.

-Maria José, chame todas as suas ajudantes e prepare muita comida para a viagem.

Assim foi feito. Foram a Urucânia. Jarbas voltou curado. Casou-se com Lívia. Teve Três filhos - Antonio das Graças, Maria das Graças e Jarbas Filho.

Todos os filhos de Jarbas foram batizados pelo padre Antonio e a cada viagem a Urucânia acontecia um milagre, iam e voltavam com Jarbas dirigindo o seu jipe numa estrada federal.










 A casa de Jarbas e Lívia era repleta de carinho e mimos para todos nós, do casaco bordado que Lívia fazia para as sobrinhas irem à tradicional Festa de Maio de Cambuci ao queijo que Jarbas assava na brasa, chocolate, rosquinha, banana da terra, tudo preparado com fartura e grande carinho. Depois de adultos, quando menos esperávamos, Jarbas nos brindava mandando ou levando para nossas casas, mesmo longe, as guloseimas que gostamos. Foram tios adoráveis e seus filhos também o são.

Claudiolina é a grande figura agregada dessa família. Dificuldade de caminhar, mas facilidade de doação e amor! Era afilhada de Lívia e a ela se dedicou integralmente durante toda a vida da madrinha. Fazia parte do enxoval de casamento de Lívia.



Mário casou-se com Jaci, filha de Antonico Cândido, amigo de sempre da família. Tiveram Maria Izabel, Maria Madalena, Carolina, Lourdes e Pompeu José. Moraram na Fazenda Santo Antão onde trabalhava num alambique de cachaça que aí existia. Esta fazenda pertencia a um irmão de Tio Basílio, Antonio Terra, líder político do município. Tio Basílio também era importante na política local e foi pela mão dele que eu e Ceção comecemos a freqüentar comícios e palanques.


Mário e Jaci mudaram-se depois para a cidade, numa casa em frente da casa do irmão Jarbas, na rua que dá acesso à Cachoeira e à Bocaina onde Lola e Maria José moravam. Os irmãos sempre juntos e Nenê sempre estreitando os laços familiares.

Mário adoeceu seriamente vindo a falecer após longo tratamento. A filha mais velha, Maria Izabel, era especial e diabética. Tia Jaci sempre foi muito respeitada e querida por todos, não só pela maneira com que lidava com as dificuldades pessoais como também pela doçura com que sempre nos tratou e ainda trata.Constituíram uma linda família.


Destaca-se ainda o amigo Ciro Moreira, como também Carivaldo que moravam no caminho de acesso à Bocaina e à Cachoeira.






Muito cedo foi morar em Niterói e como não podia deixar de ser, com ia Dita.


Casou-se com tia Laura. Tinha uma oficina de bicicletas em São Gonçalo-RJ. Tiveram os filhos Pompeu e Marisa. Tio José conviveu pouco com os sobrinhos em virtude da distância e da morte prematura. Seu filho Pompeu passou uma temporada com as tias em Cambuci. Foi um período feliz em que privamos da convivência com um primo levado, esperto, brincalhão. Retornou para junto de sua mãe, juntando esforços para conduzir os negócios da família. Sempre soubemos ser tia Laura uma mulher dinâmica. Quanto à Marisa, nunca tive oportunidade de conviver com ela. Tenho dela uma lembrança carinhosa e saudosa. Peço a ajuda de Lena para escrever sobre ela.
Tenho em minha memória afetiva o olhar amoroso de Vovó Nenê contemplado a foto de José trabalhando em sua oficina de bicicletas e lembro de uma vez ter visitado tia Laura em companhia de vovó Nenê.

 
Luiz casou-se com Iraci e teve uma filha, Jerusa. Moravam na Usina de Paineiras, próximo a Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. A distância dificultou a nossa convivência limitando-se às visitas que o casal e a filha fazia aos nossos avós e pais. Na época de nossa infância ir ao Espírito Santo era muito difícil. Lembro com saudade uma visita que ele nos fez (a mim e a Ceção) no internato do Colégio N.S. Auxiliadora em Campos. Vinha de uma visita à vovó pó ocasião da morte de tio José. Foi ele quem nos deu essa notícia. Provavelmente por solicitação dela. Eu e meu marido fomos ao casamento de Jerusa e conosco foram Tia Quina e Tia Dita. A festa foi em casa de um irmão de tia Iraci, em Cachoeiro de Itapemirim. Estive com Jerusa e filhos em casa de Tia Quina em Niterói e com ela perdi o contato. Acredito que seja fazendeira e atue no ramo da pecuária. Quero notícias dela.


Pompeuzinho casou-se com Maria das Dores Brandão Bravo. José Renato foi o único filho do casal. Pompeuzinho foi a primeira grande perda dos meus avós. Depois perderam José e Mário e Luiz. Sofreram muito e vovó até então alegre, dinâmica, evoluída para o seu tempo, nunca mais foi a mesma. Vestia-se de preto, ou preto e branco, não participava das festas da família, sequer foi ao casamento dos netos. Ela não soube conviver com essas perdas. Pompeuzinho também morava na Fazenda Santo Antão e trabalhava no alambique de cachaça. Adoeceu com “tifo” numa época em que não havia hospital em toda região. Foi montada uma sala com os melhores e possíveis recursos médicos na sede da Fazenda. Teria sido ele o primeiro doente da região a tomar penicilina, mas o remédio não chegou a tempo. Foi em vão. Maria que também contraíra doença tomou a medicação e, graças a Deus, escapou.
Renato era um bebê de poucos meses e sua mãe tinha apenas 18 anos.
Segundo relato de Kleber, (nosso primo doutor - primeiro médico da família em cuja geração aconteceram os primeiros diplomas de nível universitário), Pompeuzinho teve todo o intestino perfurado e nessa cirurgia teve todas as suas vísceras retiradas, após sério impasse em que se viram os irmãos, na tentativa de suavizar as suas dores.Morreu sem senti-las!
Como tia Maria era bonita e quão bonitos eram os vestidos que ela fazia para nós,inclusive os vestidos de casamento das sobrinhas.
Ela nos deu muitos exemplos, foi nossa amiga e cúmplice. Era uma mulher de fé e coragem. Era Franciscana. Maria usou luto pela morte do marido durante seis anos e só o tirou a pedido cuidadoso e carinhoso de Joaquina.
O primo Renato e sua mãe também moraram em casa de Joaquina e César em busca de trabalho, progresso e estudo.
Conquistaram esse espaço!
Renato fixou residência em Brasília e sua mãe aí viveu seus últimos anos.

Renato também nos deixou muito moço após formar uma bonita família e conquistar grande sucesso nas áreas em que atuou: Banco Central do Brasil, suinocultura, restaurante e turismo rural. Os assuntos profissões, manifestações culturais e influências serão ainda tratadas pelos primos.

REFERÊNCIAS FAMILIARES DE NENÊ E POMPEU

Observe-se que na foto das meninas aparece Nenê, suas filhas e a sobrinha Aurora porque nessa família primo é sempre irmão e sobrinho é sempre filho. Aurora, Catarina, Carolina, Maria Carneiro, Rui, Jorge, Oswaldo e Antonio são os filhos de Tia Dita, amigos inseparáveis dos nossos pais.

Nenê tinha outra irmã que era rica, tia Suíça, que morava em Pádua-RJ. Consta que adolescente enamorou-se de um seresteiro de nome Pedro Lacerda o que não agradou aos pais, razão porque se casou com um fazendeiro e desgostosa colocou o próprio piano no galinheiro e um pinico com malva (planta ornamental) na varanda. Eu não vi o pinico, mas os meus primos juram que é verdade. Nunca convivemos com os filhos de Neco e Suíça, o que lamentamos.


Tinha também o irmão Machadinho e o irmão Teófilo que se casou com tia Minda,filha daquele famoso Sr Perazzo que fazia bailes, recebia o Sr Bispo, e que o sino da matriz ao tocar dizia: “bem, be-re-rem, Seu Perazzo vem”! São filhos desse casal e conosco ainda convivem filhos e netos: Olga, Machado (solteirão da escola de Tio Clemente), Raul, José Teófilo.

São irmãos de Pompeu: Clemente, Luiz e Cândido.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

AS MENINAS DE POMPEU


Nenê e Pompeu tiveram oito filhos, dentre estes três meninas; Maria José, a mais velha, nascida em 19 de março de 1915. Era dia de São José e ainda o pai de Nenê era o senhor Zeca Machado, portanto, nome do Santo. Maria José não poderia ter recebido outro nome. Vieram depois Carolina e Joaquina cujos nomes homenagearam as mães de Nenê, vovó Carola, e a mãe de Pompeu, Joaquina. É bom dizer que antes delas nasceram quatro meninos e que entre Lola e Joaquina mais um menino, Pompeuzinho. Joaquina é, portanto, a caçula. Acredito que a ordem cronológica tenha aproximado muito estas irmãs que viveram uma história de confiança e dedicação recíproca, exemplo que deixaram para nós, seus filhos e sobrinhos. Amavam seus irmãos incondicionalmente e ensinaram a todos nós a importância da família, do partilhar, de junto rir ou chorar, daí amarmos tanto uns aos outros, embora hoje vivamos em lugares distantes. Essa história teve início em Cambuci-RJ.

Maria José (tia Zezé), Carolina (tia Lola) e Joaquina (tia Quina) encontraram grandes companheiros – Antônio, Basílio e César.


Maria José casou-se com Antônio Cruz Silveira, cognome Estolaninho filho de José Pereira da Silveira, conhecido como Zezé Estolano e Ignácia Cruz Silveira, mas era carinhosamente chamado por seus sobrinhos de Titino. Ambos tinham origem rural. Pompeu ligado ao café e Zezé à cana de açúcar. Foram morar na Cachoeira, sitio anexo à propriedade de Zezé, que adquiriram por ocasião do casamento. A Cachoeira passou a ser o paraíso da segunda geração, a dos netos de Pompeu e Nenê. Lá tudo era possível, andar na chuva, andar a cavalo, tomar banho de cachoeira, ter dor de barriga, participar de velórios, ladainhas, procissões... Ser anjo, ser criança. Não pensem que eram irresponsáveis, não, não eram, simplesmente acompanhavam as crianças e respeitavam suas fantasias enquanto os faziam mais que primos, mais que sobrinhos, mas família que se ama se respeita e se completa!
Somos mais que primos, Somos irmãos e a isto agradecemos aos nossos pais e aos nossos tios e tias.  Eu, Apparecida, sou com muito orgulho a filha única de Estolaninho e Maria José e que foi a feliz dona do cavalo Ialú, no qual cavalgou seus sonhos de menina. Não tenho registro de como meus pais se conheceram. Acredito que tenham sido apresentados por amigos de seus pais, coisa usual nos anos de 1935. Sei que dançaram nos bailes realizados na casa da tradicional família Perazzo, em Cambuci RJ, em cuja zona rural ambos residiam e que então se apaixonaram.
Era o ano de1937. Em agosto de 1938, eu nasci. A vida era difícil, o trabalho árduo. O conforto doméstico seguia os padrões rurais da época. Não havia sequer rádio ou geladeira e a luz elétrica era gerada por dínamo movido pela força da água. Havia muita fartura. É o que hoje se diz-era um sítio auto-sustentável. Não havia automóveis, andávamos a cavalo, daí a importância de Ialú na minha infância. Nele eu ia à escola, nele eu integrava a comitiva de nosso avô Pompeu que levava todos os primos da casa de uma tia ou tio para outra, sempre na sombra de vovó Nenê. Lembro desse passado com carinho e saudade e tudo que mais queria era vivê-lo outra vez!
Como não poderia deixar de ser, nessa família também existiram amigos inseparáveis como Hermes Correa, Chiquinha e filhos ( da família Correa já citada como os grandes amigos de Pompeu e Nenê) e ainda Hermes Bastos e seus filhos Paulo e Marisa. Existiram também agregados e dentre eles destacamos: Sá Rosária, Jorge Meu, Jovem, Fulô, Zé de Fulô, Zeca Melo, Olimpio Melo, Inácia, Zinha Boi, compadre Demis e a filha Cidiná (composição de Cida com Inah, a filha do amigo Hermes Correa) dos quais falaremos em outro momento.


Carolina casou-se com Basílio, filho de Juca Terra e Elvira Garcia Terra. Também de família rural. Sei que e ele se encantou por Carolina durante uma festa religiosa na Igreja de N.S. da Conceição, na nossa querida Cambuci. Lola estava vestida de Coração de Jesus, linda, maravilhosa, olhou do alto do altar para o moço bonito, apaixonaram-se. O casal foi morar num sítio vizinho ao de Estolaninho e Maria José, mantendo próximas as irmãs o que facilitou a convivência das crianças. Em junho de l938, nascia a primeira filha, com o nome da padroeira da igreja onde Basílio e Lola enamoraram-se. A nossa querida Ceção que Deus acaba de levar em 12 de janeiro de 2010. Aí também nasceu Mauro Celso, o nosso Capitão e que também já encontrou o colo de Deus em junho 2004.


 

 O casal mudou-se depois para a Fazenda Bocaina, também no primeiro distrito de Cambuci e aí nasceram Pedro Antonio, segundo consta o preferido de vovó Nenê e Maria Elvira, a feliz proprietária do gato Lamisteque e que se tornou madrinha de minha filha, a maior prova de carinho que lhe podia dar. Mudaram-se mais tarde para a sede do município para facilitar o acesso dos filhos ao colégio. Quando Basílio já estava doente, tendo sido hospitalizado algumas vezes, conheceram Fátima, a amaram incondicionalmente e a adotaram. Fatinha é uma prima muito amada e orgulhou muito os seus pais e irmãos.
É importante dizer que foi tia Lola quem me alfabetizou. Muito mais importante, porém não foi o fato de alfabetizar, mas sim o motivo que a levou a tal. As primas Cida e Ceção não podiam se separar. Cida foi estudar na escola rural próxima da Fazenda Bocaina, passar os dias da semana na casa de tia Lola, ficando assim perto da escola. Acontece que Ceção era mais esperta, aprendeu a ler antes dos sete anos, não havia Jardim de Infância, aprendeu sozinha. Lola não podia permitir que sua filha passasse a sobrinha... Foi então que enquanto cuidada do nenê e lavava as suas fraldas, ensinava a sobrinha a ler e a alcançar a sua própria filha.




Esse gesto e muitos outros, próprios da filhas de Pompeu e Nenê são jóias para serem guardadas e tesouros a serem apreciados e transmitidos aos nossos descendentes.

Dentre os agregados da Bocaina destacam-se Alperino, Miúda, os filhos, dona Zefina (a parteira que caçava tatu a noite toda) as pessoas que trabalhavam na fabricação de azeite de mamona, farinha de mandioca, fumo de rolo e ainda do pequeno armazém que chamávamos de fornecimento, onde vovô Pompeu e outro velho atendiam os colonos. Havia ainda a senhora Maria Parreira e filhos que nos passaram uma doença de pele que Maria José tratou com banhos de cachoeira e sabão preto de fabricação caseira. Quase matou a filha e os sobrinhos uma vez que a doença era sarampo!

 
Joaquina, a caçula das meninas de Pompeu e Nenê, casou-se com César de Sá Carvalho, moço de Niterói, então Capital do Estado do Rio de Janeiro.
 Joaquina, menina bonita e prendada optou por mudar-se para a cidade grande com o objetivo de estudar e trabalhar. Como nesta família não podia ser diferente, foi morar com a irmã de Nenê, Benedita, carinhosamente chamada por tia Dita. É conveniente que se fale que Maria José e Lola, assim como os irmãos, também moraram com Tia Dita enquanto estudaram em Niterói. Assim a nossa mãe, nossas tias e tios também viveram experiências iguais as vividas por nós.
 Tia Quina enamorou-se de César, casaram-se, tiveram três filhos: Maria Madalena, Kleber e Denise e adotaram Zezé-Maria José dos Santos Rocha, nascida na zona rural de Cambuci, que havia perdido sua mãe biológica. Foi vovó Nenê quem primeiro recebeu Zezé em seu coração. A levou para Niterói e para a família Bravo de Sá Carvalho. “É filha biológica de Ananias Marques da Rocha, o homem que dependente de álcool sabia conjugar o verbo: Eu amo, tu amas, ele amava Izabel – “santa mulher“ segundo vovó Nenê. Zezé tem irmãos biológicos, todos eles pessoas respeitadas na nossa Cambuci.
 Lena recebeu o nome de nossa avó e Kleber o nome do pai de tio César.
 Da mesma forma que a Cachoeira marcou todos os netos de Pompeu, a casa de Tio César e tia Quina marcou a nossa adolescência e a nossa vida adulta. Eu, Cida, morei com eles durante oito anos. Foi morando com eles que terminei o segundo grau, hoje ensino médio, fiz vestibular, cursei Serviço Social na UFF, namorei, SONHEI, fui muito amada e muito feliz. Estava aí quando Denise nasceu e não só eu, como também meu noivo sabíamos que para nós ela seria sempre nossa. Vivi nessa casa, meu segundo lar, momentos de alegria, de preocupação, de insegurança, de crise, meus e de toda família, porque era na casa de César e de Joaquina, nos braços de ambos que nós nos refugiávamos e que todos nós buscávamos segurança, apoio, compreensão e amor. Buscamos e sempre encontramos! Todos os meus primos têm uma história para contar dessa convivência e sei que todos com o coração, sentindo-se amados por eles além da vida, do tempo e da morte. Lena e Kleber, meus queridos, sei que vocês sentem como eu que o tempo que passamos com as meninas de Pompeu precisa ser conhecido e reconhecido por nossos filhos e netos. TODOS DEVERIAM TER UMA MÃE E UM PAI COMO NÓS TIVEMOS E QUE TODOS OS PRIMOS DEVERIAM SE AMAR COMO NÓS NOS AMAMOS!
Compadre Cartola, Silete, compadre Lavanca (andarilho do morro Santa Teresa que trazia sua mudança num caixote e a levava às costas usando o Principio de Arquimedes. Dê-me uma alavanca que levantarei o mundo: ele levantava o seu mundo, a sua casa. São estes os agregados mais famosos. Dentre os amigos, o criador do Clube do Carequinha-famoso palhaço de circo e TV, Walfrido dos Anjos, de cujo clube Lena e Kleber eram sócios de carteirinha e  a prima Rodes e seu marido Alberto Prior - consertador oficial dos relógios da casa, são os amigos mais queridos.






quarta-feira, 18 de agosto de 2010

OS AGREGADOS

Neste universo, além da família, residiam os agregados:
Folly, menino especial, filho adotivo, que para aprender as letras quase acabou de enlouquecer. Pompeu, na ânsia de proporcionar ao menino acesso à leitura prometeu à professorinha, moça pobre e noiva, o vestido e a festa do casamento. Foi grande o empenho da mocinha, grande a cobrança em cima do pobre Folly e muito pior ainda o trabalho de Dona Nenê, matriarca dessa família, para consertar a cabeça do filho depois de tamanho esforço.

Havia ainda Guinó. Ele queria ver o satanás que, segundo lhe diziam, morava no quarto de Mário. Consta que as crianças da família Bravo, nos idos de 1917, já conheciam a histórias de “capetinhas” que hoje povoam novelas e literatura. Influenciaram Guino, fizeram medo, usaram de todo poder de persuasão e finalmente, numa tardinha, colocaram um espelho grande em frente à porta do já citado quarto; acenderam velas e ainda, tiraram Nenê e Pompeu

de casa. Foi então que Guino, apavorado, estabanadamente abriu a porta, deparou-se com a sua imagem no espelho, e aí, Deus nos acuda. Guinó gritou, correu,VIU O SATANÁS. Nenê chegou e o chinelo cantou! Segundo consta, de todas as crianças, Mário era o mais criativo e a ele é creditada esta arte.
Foi também Guinó que levaram na procissão de Três Irmãos, Distrito de Cambuci, com roupa especial e “alprecata” nova. Treinaram o passo do menino, dias e dias, para que ele fizesse bonito. No balanço do novo caminhar, Guinó perde a “alprecata” nova que voou para dentro do capinzal que margeava a estrada de ferro. As crianças Bravo foram intimadas a procurar o sapato no capinzal, capim gordura. Nada de achar “alprecata”. Estragaram a própria roupa e perderam a festa!

E o compadre Santinho?
 Era colono de Pompeu. Pai de três filhos. Dizia-se realizado na vida: seus filhos estavam estudando. O mais velho ia ser “doutor,” o do meio, padre e a menina secretária de satanás. Santinho contava estórias todos os dias na parte da tarde.  Era o trem de ferro que passava a noite inteira, tão grande que não conseguia contar todos os vagões e não o deixava dormir e as crianças descansarem para o estudo. Foi ainda a sua filha, a futura secretária de satanás, que o rodamoinho de vento levou para os ares e que ele conseguiu com um salto, de cima da porteira, pegar pelo pé e trazer para as reinações dessas “adoráveis crianças”, nossos pais.
Santinho tinha ainda plantação de mandioca e uma criação de porcos. As raízes da planta ficaram tão compridas e grossas que atravessaram o rio Paraíba e era caminhando dentro do túnel que formavam que seus porcos iam fuçar na ilha. ( observo que o caso dos porcos me foi contado por Lola, uma neta de Papai Correa no mês de maio de 2010, portanto Santinho não é criação minha, como dizia a prima Ceção)
Estes são alguns dos “causos” dos quais me lembro, para os outros causos peço ajuda a vocês, meus primos muito amados.
De todas as pessoas que conviveram com a família Bravo, destacamos a família Correa.
 Papai Correa e Mama, Nenê e Pompéu foram grandes amigos. Cuidaram dos filhos reciprocamente, como se fossem seus, e os acompanharam enquanto viveram. Os filhos deles consideramos tios. São eles; Morena, Carmélia, Hermes, Antonio. Todos fazem parte da nossa história, foram muito amados por nossos avós e nossos pais. Eram vizinhos no tempo dessas reinações.
                                                   

CLEMENTE

Tio Clemente, irmão de Pompeu, maluco para a ala avançada da família, sistemático para a ala conservadora, era o feliz proprietário de Lélia. Perdia a chave todos os dias, todos os dias a encontrava com a ajuda de JARBAS, JOSÉ, MÁRIO, LUIZ, MARIA JOSÉ, CAROLINA (LOLA), POMPEUZINHO e JOAQUINA que viviam no mundo encantado do CAMUTANGO, do SANTO ANTÃO, do CAIXÃO GRANDE, num “paraíso” chamado CAMBUCI, município do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.
Nossos pais não descobriram para que servia LÉLIA,que porta ou gaveta abria,mas nós,seus filhos,descobrimos que, por ser ela uma chave muito especial, é herança nossa,que continuará no mundo dos sonhos e que, com ela continuaremos encontrando:

  1. _a moldura sem espelho na qual Clemente fazia diariamente a sua barba. Um dia, nesta moldura havia um espelho, o espelho quebrou, a moldura continuou a ser pendurada sistematicamente na árvore e a barba, bem escanhoada a ser feita no costumeiro cerimonial. Clemente era sistemático, já falamos!

  1. -A lata de rosca. Clemente não gostava de rosca, mas as guardava em uma lata especial, comia rosca porque gostava do barulho.

  1. -A Estrela dos Namorados que nas noites bonitas mostrava aos sobrinhos adolescendo. Nunca namorou, mas queria que os sobrinhos entendessem e sentissem a beleza do amor.

  1. -A menina de Tombos do Carangola que visitava a família. A menina era Joaquina, a caçulinha da casa, que estava doente, problema de rins, inchada, e ele não reconheceram. Joaquina a se ver gorda vestiu uma roupa diferente, apresentou-se como visita e como tal foi recebida por Clemente. Não precisa dizer que Joaquina ficou de castigo por enganar o tio sistemático ou maluco como queiram julgar.


A SAGA DE LÉLIA


LÉLIA não é uma pessoa. LÉLIA é uma chave. Uma chave de porta ou gaveta, não sabemos, mas uma chave muito especial para nós, netos de POMPÉU BRAVO e MARIA MADALENA DE SANTA BÁRBARA MACHADO BRAVO.Pela imponência do nome vê-se que quem mandava era ela,vovó Nenê,quem acarinhava era ele,Vovô Pompeu.
Com esta chave, que nenhum filho descobriu, por mais que procurasse o que ela abria, os netos abrirão a histórias que nos encantam que nos foram passadas por nossos pais e que passaremos aos nossos descendentes e amigos que conosco riram e choraram em horas próprias e impróprias também. Com o nome escolhido reverenciaremos a memória de Clemente, irmão de Pompeu.

A SAGA DE LÉLIA


Com a abertura deste blog pretendo dar a todos os descendentes de Nenê e Pompeu a oportunidade de registro dos fatos da nossa história.
Queridos, conto com a colaboração de todos vocês, pois só assim teremos a leitura ditada pela saudade e pelo imaginário de todos nós que nos orgulhamos de nossa história.