Neste universo, além da família, residiam os agregados:
Folly, menino especial, filho adotivo, que para aprender as letras quase acabou de enlouquecer. Pompeu, na ânsia de proporcionar ao menino acesso à leitura prometeu à professorinha, moça pobre e noiva, o vestido e a festa do casamento. Foi grande o empenho da mocinha, grande a cobrança em cima do pobre Folly e muito pior ainda o trabalho de Dona Nenê, matriarca dessa família, para consertar a cabeça do filho depois de tamanho esforço.
Havia ainda Guinó. Ele queria ver o satanás que, segundo lhe diziam, morava no quarto de Mário. Consta que as crianças da família Bravo, nos idos de 1917, já conheciam a histórias de “capetinhas” que hoje povoam novelas e literatura. Influenciaram Guino, fizeram medo, usaram de todo poder de persuasão e finalmente, numa tardinha, colocaram um espelho grande em frente à porta do já citado quarto; acenderam velas e ainda, tiraram Nenê e Pompeu
de casa. Foi então que Guino, apavorado, estabanadamente abriu a porta, deparou-se com a sua imagem no espelho, e aí, Deus nos acuda. Guinó gritou, correu,VIU O SATANÁS. Nenê chegou e o chinelo cantou! Segundo consta, de todas as crianças, Mário era o mais criativo e a ele é creditada esta arte.
Foi também Guinó que levaram na procissão de Três Irmãos, Distrito de Cambuci, com roupa especial e “alprecata” nova. Treinaram o passo do menino, dias e dias, para que ele fizesse bonito. No balanço do novo caminhar, Guinó perde a “alprecata” nova que voou para dentro do capinzal que margeava a estrada de ferro. As crianças Bravo foram intimadas a procurar o sapato no capinzal, capim gordura. Nada de achar “alprecata”. Estragaram a própria roupa e perderam a festa!
E o compadre Santinho?
Era colono de Pompeu. Pai de três filhos. Dizia-se realizado na vida: seus filhos estavam estudando. O mais velho ia ser “doutor,” o do meio, padre e a menina secretária de satanás. Santinho contava estórias todos os dias na parte da tarde. Era o trem de ferro que passava a noite inteira, tão grande que não conseguia contar todos os vagões e não o deixava dormir e as crianças descansarem para o estudo. Foi ainda a sua filha, a futura secretária de satanás, que o rodamoinho de vento levou para os ares e que ele conseguiu com um salto, de cima da porteira, pegar pelo pé e trazer para as reinações dessas “adoráveis crianças”, nossos pais.
Santinho tinha ainda plantação de mandioca e uma criação de porcos. As raízes da planta ficaram tão compridas e grossas que atravessaram o rio Paraíba e era caminhando dentro do túnel que formavam que seus porcos iam fuçar na ilha. ( observo que o caso dos porcos me foi contado por Lola, uma neta de Papai Correa no mês de maio de 2010, portanto Santinho não é criação minha, como dizia a prima Ceção)
Estes são alguns dos “causos” dos quais me lembro, para os outros causos peço ajuda a vocês, meus primos muito amados.
De todas as pessoas que conviveram com a família Bravo, destacamos a família Correa.
Papai Correa e Mama, Nenê e Pompéu foram grandes amigos. Cuidaram dos filhos reciprocamente, como se fossem seus, e os acompanharam enquanto viveram. Os filhos deles consideramos tios. São eles; Morena, Carmélia, Hermes, Antonio. Todos fazem parte da nossa história, foram muito amados por nossos avós e nossos pais. Eram vizinhos no tempo dessas reinações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário